Leite materno: mais QI, renda e escolaridade
O trabalho liderado pelo epidemiologista Cesar Victora por seu estudo, demonstra que bebês cuja alimentação é baseada no leite materno até os 12 meses apresentam, aos 30 anos de idade:
Quatro pontos a mais no nível de QI (cerca de 30% acima da média);
0,9 ano a mais de escolaridade (cerca de 25% acima da média);
Renda mensal R$ 349 superior (cerca de 30% acima da média).
Publicado em março de 2015 na revista The Lancet Global Health, o artigo “Associação entre aleitamento e inteligência, alcance educacional e renda aos 30 anos de idade: um estudo prospectivo de grupo de nascimento no Brasil [tradução livre]” rendeu ao pesquisador brasileiro o Prêmio Gairdner, um dos mais importantes do mundo na área da ciência da saúde.
“Há vários mecanismos pelos quais o leite humano pode melhorar a inteligência. O mais conhecido é a ação dos ácidos graxos insaturados de cadeia longa, que são essenciais para o crescimento do cérebro. Cerca de 70 a 80% do cérebro se forma nos primeiros dois anos de vida”, explica Victora.
O pesquisador cita também outros mecanismos ligados ao microbioma do bebê em estágio de amamentação, como os recentes estudos que ligam a função do intestino de sintetizar substâncias que ativam o cérebro, como a serotonina, as citoquinas e outros metabolitos.
No artigo “As tentadoras ligações entre micróbios intestinais e o cérebro [tradução livre]”, publicado na revista Nature, o microbiólogo Rob Knight, da Universidade da Califórnia, diz que “pistas sobre os mecanismos pelos quais micróbios intestinais interagem com o cérebro estão começando a emergir, mas ninguém ainda sabe o quão importante são esses processos no desenvolvimento humano e sua saúde”.